Chupetas para adultos: moda, sintoma ou necessidade escondida?
- 14 de ago.
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O que a psicologia revela sobre o novo “refúgio” para aliviar o estresse — e o que isso pode dizer sobre você.

Você já viu um adulto de chupeta? Talvez sua reação imediata seja estranheza ou até riso.
Mas e se eu disser que, por trás desse gesto aparentemente infantil, pode existir um grito silencioso por acolhimento, segurança e pausa em um mundo que nos exige maturidade 24 horas por dia? Essa moda, que já ganhou espaço lá fora e agora começa a aparecer no Brasil, pode ser muito mais que uma excentricidade. Ela revela algo sobre como estamos lidando — ou evitando lidar — com nossas dores mais profundas.
A cena parece inusitada: um adulto, no metrô ou no escritório, usando uma chupeta. Para alguns, é apenas mais uma moda estranha importada de outros países. Para outros, é uma ferramenta real de alívio do estresse e da ansiedade. Mas… o que a psicologia tem a dizer sobre isso?
A necessidade de voltar para o colo
Vivemos em uma era acelerada, ansiosa e solitária. Nunca fomos tão conectados e, paradoxalmente, tão carentes de vínculos reais. Objetos de conforto — antes restritos à infância — voltam a aparecer como refúgios portáteis: travesseiros de viagem, bichos de pelúcia, brinquedos sensoriais… e agora, a chupeta.
O ato de sugar não é novidade: desde o nascimento, é um dos primeiros gestos que associamos à sobrevivência e à segurança. No universo psicanalítico, remete à fase oral, momento em que o prazer e o vínculo se formam pela boca. Reencontrar esse gesto na vida adulta pode ser um pedido inconsciente de voltar ao colo, de recuperar um tipo de cuidado que ficou para trás.
O alívio imediato e o preço silencioso
Funciona? Sim, momentaneamente. A sucção pode acalmar, ajudar a focar e até reduzir picos de ansiedade. Mas aqui está o ponto provocativo: o que você está evitando enfrentar quando coloca algo na boca para se acalmar?
Pode ser que, ao recorrer à chupeta, você não esteja apenas combatendo o estresse, mas evitando entrar em contato com sentimentos mais profundos: solidão, insegurança, sobrecarga. E isso significa que o alívio vem, mas o problema de fundo continua intacto — às vezes, até mais forte.
Sintoma de um tempo ou sintoma de si?
O fenômeno das chupetas para adultos diz muito sobre a sociedade atual: a infantilização de comportamentos, a busca por soluções rápidas e a resistência em lidar com o desconforto. É mais fácil sugar uma chupeta do que encarar conversas difíceis, limites necessários ou mudanças estruturais de vida.
Mas também pode ser um sintoma pessoal: uma estratégia que funcionou na infância e que, de alguma forma, se mantém viva para “proteger” o adulto que você se tornou.
Talvez a questão não seja “usar ou não usar chupeta”. Talvez a pergunta real seja: De que outra forma você poderia se cuidar sem precisar voltar ao colo que já não existe?
E se a chupeta não for sobre o objeto, mas sobre o vazio que ela tenta preencher? Talvez a moda passe, talvez vire um hábito para alguns. Mas a pergunta que fica é: o que mais, na sua vida, você está usando para acalmar sem realmente curar? No fim, a chupeta pode estar no bolso… mas o colo que você procura está dentro de você.
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